quarta-feira, 16 de março de 2011

O MUNDO NÃO VAI ACABAR

A GÊNESIS E O APOCALIPSE
(Trecho do Cap. III, do Livro "O Governante das Estrelas - Da Materialidade do Eterno", ainda não publicado)

Se nos reportarmos ao Bhagavad-Gita, lá encontraremos as seguintes palavras de Krishna: “Deve-se compreender que a natureza material e as entidades vivas não têm princípio” (cap.13, texto 20). “Natureza material” deve ser entendida como o que aqui denomino “Existência” e “entidades vivas”, aquilo que chamo de “jivatmans”.
Também é comum, em todas as culturas e tradições, encontrarmos lendas e profecias sobre um ‘suposto fim de mundo’. A cada virada de milênio, ou de século, segundo relatos históricos, apoderam-se das mentes frágeis de certas pessoas o temor da morte coletiva dos seres humanos, seja por um cataclismo natural, seja por uma ordem divina; grandes epidemias e pestes fazem com que alguns creiam que já é chegado o apocalipse bíblico. Assim, muita gente, mundo afora, aproveita-se dessas visões macabras para vaticinar, aqui e ali, o ‘quando’ desse final dos tempos. Contudo, e felizmente, apesar desses ‘anunciadores da Morte’, o que vemos, a despeito de tais teorias invencionistas, é que o mundo segue em frente, com seus dramas novos e velhos, fazendo girar a roda da Vida, a roda da Existência (Samsara). Não faço ideia de quanto tempo ainda levará para se perceber que a Existência é um drama que se desenrola no eterno resgate de causas e efeitos, que, por sua vez, são engendradores de novas tramas, que, bem observadas, são as mesmas de sempre, trocando-se, às vezes, os atores, nunca os papéis.

“A planta sempre verdeja e floresce, o inseto zumbe, o animal e o homem subsistem em indestrutível juventude, e as cerejas, que já saboreamos mil vezes, nós as temos novamente diante de nós, a cada verão. Também os povos permanecem como indivíduos imortais, mesmo se às vezes mudam de nome, sua conduta, suas ações, seu sofrimento são sempre os mesmos em todos os tempos, ainda que a história pretenda nos contar sempre algo novo”.
Schopenhauer

As pequenas e as grandes guerras, promovidas por governos totalitários e por facções religiosos fundamentalistas e radicais, aliadas a endemias sazonais e epidemias alastrantes, causam uma onda de pavor nas pessoas em geral, pois parecem anunciar que o fim está mesmo bem próximo. A Segunda Grande Guerra alertou o Homem para o perigo da autodestruição (principalmente, devido à possibilidade do uso irresponsável da bomba atômica e de armas químicas e biológicas) e isso tem sido uma preocupação constante dos governos das grandes potências e das organizações promovedoras da paz, constituindo-se como potencial gatilho do “fim do mundo”. Esse “fim”, tão alardeado e vaticinado, sempre esteve “próximo”, tanto na mente de visionários e de fanáticos quanto na imaginação extremamente fértil dos diretores de cinema, mas nunca tão perto que se tornasse uma “realidade”. O recém-lançado filme 2012 não pretende apenas ser uma obra de ficção, como o foram Apocalipse Now e outros, mas uma espécie de ‘aviso’ a toda Humanidade sobre o que virá em breve, devido ao nosso desleixo em cuidar corretamente do planeta Terra. Há relatos de que tanto o seu diretor (James Cameron, diretor de O Exterminador do Futuro I e II, 1984 e 1991, respectivamente) quanto milhares de outras pessoas, mundo afora, acreditam que o mundo terá seu “tão anunciado fim” no dia 21 de dezembro de 2012. Tal suposição fundamenta-se no frágil e incerto fato de que o calendário maia (uma das civilizações mais inteligentes e criativas de todos os tempos) tem seu fim naquela data. Creio, no entanto, e sem hesitação, que, em breve, este se mostrará como apenas mais um dos inúmeros blefes promovidos por alarmistas e falsos Nostradamus, os ‘propagadores da morte’.
O Universo-Existência, essa trama universal, é a ‘lila’ (o passatempo) da Pessoa Suprema, em colaboração com seus coadjuvantes (seres humanos que se passam por grandes e pequenos protagonistas das inúmeras pequenas lilas, neste vistoso planeta azul da Via Láctea). Todos aqueles que são chamados a participar de tão sublime “passatempo” deveriam ficar orgulhosos, tal qual ficam os atores que são convidados a ser coadjuvantes de grandes produções cinematográficas, pois ali terão a tão esperada oportunidade de contracenar com os maiores astros do cinema mundial. A pequenez de cada papel se apaga na grandeza da performance e no prazer de fazer parte da Grande Trama, ou da Peça Teatral da Pessoa Suprema – quiçá, ao lado do Protagonista Maior – o Avatar. Aqueles que se tornaram discípulos, coadjuvantes na trama do Cristo, foram escolhidos a dedo – inclusive Judas, pois era fundamental para o desfecho da ‘lila cristiana’ - “Felizes sois vós em terem a Mim convosco, pois muitos dos santos e patriarcas desejaram ver o que vós agora vedes e não viram” (Mt. 13, 16-17) – foi desta maneira que o Avatar se referiu a isso que acabo de dizer.
Da mesma forma, os seguidores do Buda. Todos estavam prontos para sua trama, também, por isso participaram da ‘lila búdica’, como seus familiares e os súditos do Reino . Quando Krishna apareceu no reino de Mahabharata (Índia Antiga), os guerreiros que ele teve que conduzir, na batalha de Kurukshetra, eram os melhores homens de então, e participaram como figurantes ou coadjuvantes de sua ‘lila’. Muitas vezes, vale mais ser um coadjuvante, ou mesmo um figurante, na ‘lila suprema’ do que se autodenominar ‘representante de Deus na terra’, como alguns imperadores, sacerdotes e papas teimam em se promover, sem que haja neles qualquer ‘talento’, herança ou hierarquia fidedigna.
É muito comum encontrarmos homens de todas as épocas e das mais diferentes linhagens se dizerem representantes do “Bem” ou da “vontade suprema”. Esses charlatães iludem muitos dos seus contemporâneos e, muitas vezes, propagam sua falsa fama por anos ou séculos a fio, mas não podem ludibriar os realmente despertos. Títulos de Ordens Religiosas, ou de Ordens Místicas, ditas outrora “secretas”, muitas vezes não passam de “sepulcros caiados” para cadáveres sem nenhum valor. Alguns homens que ostentaram títulos, como os de Faraó, Sacerdote ou Sumo-pontífice, eram guardiões da ‘Mentira’ e da ‘Ignorância’, não da ‘Verdade’. O papa Gregório Magno (540 – 604), por exemplo, parecia não estar em boa sintonia com “Deus”, pois, ao assistir a derrocada do Império Romano, apressou-se em declarar: “Não sei o que acontece nas outras partes do mundo. Mas na terra em que vivemos, o fim do mundo não só se anuncia, mas já se mostra em ato”. Se ele fosse realmente um representante de Deus na Terra, saberia muito bem, da mesma forma que nós, homens do século XXI, sabemos, que aquilo que testemunhara estava longe de ser o fim.
Quantas vezes o fim do mundo foi anunciado, e ainda será, por ‘profetas da morte’ e ‘visionários da mentira’, e até quando ainda teremos de tolerar as invencionices dessa gente? É impressionante, para não dizer vergonhoso e chocante, como sacerdotes, profetas, gurus e mestres, das mais variegadas doutrinas religiosas, seguem impunes, vendendo a incautos suas mentiras espirituais, vaticinando o fim do mundo, o juízo final, o armagedon, a vitória do Bem sobre o Mal, o retorno do Cristo, o advento de Avatares, e toda espécie de ludibrio, alucinação e devaneio, fruto de suas mentes doentias, pervertidas e perniciosas. A despeito desses tolos, a Natureza se auto-regula e a Existência estende sua trama indefinidamente. Catástrofes, pestes, guerras, tudo o que passou voltará a passar com novos atores, em novos lugares (“ali haverá pranto e ranger de dentes”), mas a Humanidade resistirá e a Vida fluirá outra vez, pois, como bem está escrito, “depois da tempestade vem a bonança”, indubitavelmente.

“A duração de vida para todo um universo, segundo os antigos videntes, é de 314.159.000.000.000 anos solares, ou “Uma Idade de Brahma”.
“As Escrituras hindus declaram que um planeta como o nosso é dissolvido por uma destas duas razões: seus habitantes, como um todo, se tornam completamente bons ou completamente maus. A mente do planeta gera, desse modo, uma força que libera os átomos cativos que, juntos, formavam um corpo celeste.
“De tempos em tempos, publicam-se horrendos prognósticos sobre um iminente “fim do mundo”. Os ciclos planetários, entretanto, sucedem-se de acordo com um plano divino ordenado. Nenhuma desintegração da Terra ocorrerá de imediato; nosso planeta ainda tem pela frente, em sua forma atual, muitos ciclos equinociais ascendentes e descendentes”.
(Autobiografia de um Iogue)

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