sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MINHA MONOGRAFIA (Parte IV)

CONTRA O CRISTO OU CONTRA O CRISTIANISMO?

Nesta quarta parte de minha monografia, tento mostrar que Nietzsche, apesar do título que deu a seu livro, "O Anticristo", faz ataques veementes não exatamente ao Cristo (e diz que ele foi "o único cristão verdadeiro"), mas ao Cristianismo, o qual combate em toda sua obra.
Acompanhe mais um capítulo e deixe seu comentário. É importante!


2.2 Quem é o anticristo?*

O título “O Anticristo” provavelmente leva a uma apressada interpretação de que a obra de Friedrich W. Nietzsche assim denominada seria um manifesto contra o Cristo, o nazareno. Aos milhões de cristãos do mundo inteiro, tal título já é suficiente para repudiar o livro e condenar por blasfêmia tão maldito autor ao fogo eterno do inferno, sem direito ao purgatório. No entanto, apesar de o nome Cristo, para os fiéis, ser indissociável do nome Deus, chegando mesmo a serem um e único ser, sob o ponto de vista do filósofo alemão, um e outro são personagens completamente diferentes. Deus, para Nietzsche, é uma invenção mental ardilosa dos hebreus, resultante da fraqueza e da covardia de um povo que, temendo por seu destino, teve a necessidade de se sentir submetido, e ao mesmo tempo protegido, a uma entidade metafísica, que pairasse acima das vicissitudes humanas e, principalmente, legislasse a seu favor. Por outro lado, Cristo, o ungido, é um personagem humano, portanto histórico, de carne e osso, emergente de uma cultura impregnada de secular esperança religiosa no advento de um representante desse “Deus” na Terra.
Em seu prefácio ao livro “O Anticristo”, o mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP, Mauro Araújo de Sousa esclarece esse ponto de vista do filósofo da seguinte maneira:
“É bom que se esclareça também que há uma grande diferença para o filósofo entre Cristo e o cristianismo. E, se ele posiciona-se como o anticristo, é porque quer despertar uma nova cultura que não seja embasada em leituras que se fizeram de Cristo e nem do próprio Cristo, que para Nietzsche não passava de um romântico que pretendia mudar as coisas a partir do seu bom coração”.
E mais a frente acrescenta:
“(...) o anticristo não considera Cristo como um fanático, mas o ver como criança, em inocência, sem rancor. O mesmo não acontece com o Cristianismo, a pátria do ressentimento”. Para concluir Souza sentencia: “Que tipo de leitura, em suma, Nietzsche faz de Cristo? Uma pessoa boa que atravessou todas as lutas construindo aqui mesmo o seu “Reino dos céus”.”
O próprio Nietzsche tem palavras bastante conclusivas sobre o nazareno, que, se não apascentam a revolta dos cristãos contra ele, pelo menos, não se pode deixar de notar que são palavras de uma análise profundamente honesta e sóbria de um personagem histórico, não de um mito divino:

“A própria palavra “Cristianismo” é já um equívoco – no fundo só existiu um cristão, e esse morreu na cruz. O “Evangelho” morreu na cruz. Aquilo a que desde então se chamou “Evangelho” era o contrário do que o Cristo havia vivido: uma “má nova”, um “Dysangelium”. É falso até à estupidez o ver numa “fé”, neste caso a fé na salvação por Cristo, o sinal distintivo do cristão, só a prática cristã, uma vida tal como a viveu aquele que morreu na cruz, é cristã...”

(NIETZSCHE, 2000, p. 73-74).
Comparado ao que o filósofo dirá sobre Deus, deve ficar evidente quão diferenciadas são as noções que ele tem de um e de outro:

“A concepção cristã de Deus - Deus como Deus dos doentes, Deus que tece como aranha, Deus espírito – é uma das mais corruptas concepções de Deus a que sobre a Terra se tem apresentado; representa até, possivelmente, o nível mais baixo de evolução declinante do tipo divino: Deus degenerado em contradição da vida em vez de ser a sua glorificação, e a sua eterna afirmação! Declarar guerra em nome de Deus à vida, à natureza, à vontade de viver! Deus, essa fórmula para todas as calúnias contra o “aqui e agora”, e para todas as mentiras do “além”! O nada divinizado em Deus, a vontade do nada divinizada”

(NIETZSCHE, 2000, p. 51-52).

Assim, “O Anticristo” é mais propriamente um “anti-Deus”, “anticristianismo”, “antídoto” contra os detratores da vida, contra os traidores da terra, contra os pregadores da morte – numa palavra, contra todos que não são dignos de desatar as sandálias dos espíritos livres.
O ser metafísico, ao qual se opõe o filósofo, o legislador do mundo e da
humanidade, “O Deus único”, deixou denunciar sua inexistência quando desamparou a primeira e última esperança de redenção:
“Eli, Eli, lamma sabactáni!” (Mateus 27:46).


* Esta publicacção continuará em edições futuras. Não perca!!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LYRICS & POETRY

THE LATEST MAN*
I am the latest man,
Whose eyes are on the blue,
Who thinks he understood
The things along the sand.

I am the latest man,
Whose days spent away
Were nothing but a play,
I mean, a joker’s plan.

I am the latest man
That has no time at all
To waste it feeling small,
Not doing what he can.

I am the latest man,
Whose mouth speaks a word
That hurts more than a sword,
No one can understand.

I am the latest man
That pays for all his sins,
That knows what it means,
To win his holy land.

I am the latest man
Who fights for happiness,
Forgetting all the past,
Not having where or when.

I am the latest man,
Who has no company,
Whose life has finally
Just gotten to an end.

*Poema publicado em Recanto das Letras

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

POR CAUSA DA MULHER

Quem é Rose Marie Muraro?*

Rose Marie Muraro, nascida no Rio de Janeiro, a 11 de novembro de 1930 é uma intelectual e feminista brasileira. Nasceu praticamente cega, sua personalidade singular deu-lhe força e determinação suficientes para tornar-se uma das mais brilhantes intelectuais de nosso tempo.
Estudou Física, esta escritora e editora publicou diversos livros polêmicos, contestadores e inovadores do ponto de vista dos valores sociais modernos. Nos anos 70, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil. Nos anos 80, quando a Igreja adotou uma postura mais conservadora, passou a ser perseguida pelos ideais. A atuação intensa no mercado editorial é fruto de uma mente libertária cuja visão atenta da sociedade pode ser comparada a de muito poucos intelectuais da atualidade.
As idéias refletem-se na vida pessoal desta mulher notável; há pouco tempo, Rose Marie Muraro desafiou os próprios limites quando, aos 66 anos, recuperou a visão com uma cirurgia e viu seu rosto pela primeira vez. "Sei hoje que sou uma mulher muito bonita."
Oriunda duma das mais ricas famílias do Brasil nos anos 1930/40, aos 15 anos, com a morte repentina do pai e consequentes lutas pela herança, rejeitou sua origem e dedicou o resto da vida à construção de um novo mundo: mais justo, mais livre. Nesse mesmo ano conheceu o então padre Helder Câmara e se tornou membro de sua equipe. Os movimentos sociais criados por ele nos anos 40 tomaram o Brasil inteiro na década seguinte. Nos anos 60, o golpe militar teve como alvo não só os comunistas, mas também os cristãos de esquerda.
A Editora Vozes é um capítulo à parte na vida de Rose. Lá, trabalhou com Leonardo Boff durante 17 anos e das mãos de ambos nasceram os dois movimentos sociais mais importantes do Brasil, no século XX: o movimento de emancipação das mulheres e a teologia da libertação - até hoje, base da luta dos oprimidos. Nos anos 80, presenciou a virada conservadora da Igreja. E em 1986, Rose e Boff foram expulsos da Vozes, por ordem do Vaticano. Motivo: a defesa da teologia da libertação, no caso de Boff e a publicação, por Rose, do livro Por uma erótica cristã.
Rose Marie Muraro foi eleita, por nove vezes, A Mulher do Ano. Em 1990 e 1999, recebeu, da revista Desfile, o título de Mulher do Século, e da União Brasileira de Escritores, o de Intelectual do Ano, em 1994. O trabalho de Rose, como editora, foi um marco na história da resistência ao regime militar. Devido a este trabalho, recebeu do Senado Federal o Prêmio Teotônio Vilela, em comemoração aos 20 anos da anistia no Brasil.
Foi palestrante nas universidades de Harvard e Cornell, entre tantas outras instituições de ensino americanas, num total de 40. Editou até o ano 2000 o selo Rosa dos Tempos, da Editora Record.
É cidadã honorária de Brasília (2001) e de São Paulo (2004). Ganhou o Prêmio Bertha Lutz (2008), e principalmente, pela Lei 11.261 de 30/12/2005 passada pelo Congresso Nacional foi nomeada Patrona do Feminismo Brasileiro.
Rose Marie Muraro tem 5 filhos e 12 netos, frutos de um casamento de 23 anos.

* Fonte: Wikipedia

PALAVRAS DE UMA VISIONÁRIA

ROSE MARIE MURARO E A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL (Entrevista de Mirna Grzich)*
A imagem ao lado é parte integrante da Revista Meditação (editada por Mirna Grzich), entrevista feita em 2000.

Para entender as origens da crise econômica, você tem que voltar ao século 19, quando começaram a ser criados os bancos centrais pelos banqueiros; todos os grandes banqueiros que fizeram fortuna nos Estados Unidos resolveram se juntar e criar um banco central, que pudesse manipular a economia em benefício deles. Foram as grandes famílias americanas, os Rockefeller, os J. P. Morgan, que começaram a controlar o dinheiro. Para dar uma grande prosperidade, eles soltavam o dinheiro, aí quando estava no pico, eles vendiam as ações deles; então diminuíam o dinheiro, porque os bancos centrais é que emitiam o dinheiro. As ações baixavam e, então, as pessoas que tinham comprado no pico, tinham que vender por qualquer preço. E assim foi feita a crise de 29, que levou dez anos. Para ganhar mais, esses banqueiros financiaram a II Guerra Mundial, financiando Hitler e o colocando em possibilidade de enfrentar potências ocidentais, e, assim, financiando todo mundo, ganharam dinheiro de todos os lados e de todas as maneiras.
Os grandes economistas sabiam que o ouro tinha sido todo roubado por essa máfia dos bancos centrais, e estava em vários países da Europa. Quando o dólar foi separado do ouro, as moedas começaram a flutuar. Aí já tinha sido inventado o Fundo Monetário Internacional, o Bank of International Settlements (BIS), o banco central dos bancos centrais, situado na Suíça, tudo dominado por essa máfia dos bancos centrais, e o Banco Mundial, que é de onde sai o dinheiro para todos os países. A estratégia já nos anos 70, com a comissão trilateral, era primeiramente fundar essas instituições supranacionais; depois fazer blocos regionais que seriam a Nafta, a União Européia, o Mercosul, os países asiáticos,e, finalmente, numa terceira fase, através de uma grande crise, fazer um dono só do mundo, que seria esse grupo.
A origem desta crise é que os bancos fazem uma coisa que ninguém pode entender: eles podem emprestar dez vezes mais do que eles têm depositado em suas reservas. São esses papéis – os bônus, os derivados (que é um dinheiro virtual), que fazem a riqueza dessa gente. Eles manipulam papéis, e não notas da economia, que estão em nosso poder, pobres ingênuos. Manipulando papéis podem fazer a economia expandir ou ficar recessiva, na medida dos seus interesses.
O caso Suharto, na Indonésia, é típico. Ele faliu o sistema produtivo para a população pagar os custos. Assim foi no Japão, na Malásia, em todo sudeste asiático. Só os países de capitalismo maduro ficaram longe da crise.
Os bancos americanos vivem da dívida. Para fazer isso, você precisa de dinheiro virtual, senão você não tem essa riqueza toda não. O governo americano está devendo 5 trilhões e meio de dólares ao mundo inteiro. Só ao Japão o governo americano deve 1 trilhão e meio de dólares. Quando eles tinham aqueles imensos déficits, tipo 100 bilhões de dólares, porque consumiam demais, quem financiava eram os japoneses. Os japoneses davam moeda e como pagamento recebiam papel – bônus do Tesouro americano. Os bancos americanos, com esse hábito de emprestar mais de dez vezes o que eles realmente têm, estão devendo 117% do PIB americano, pagando com papel, com papagaios. Isso está de uma tal ordem, que agora os bancos americanos começaram a falir. E tem uma coisa, a crise deve se agravar agora, porque a China está se espreguiçando. O pessoal está apavorado. Ninguém sabe quanto a China tem nem quanto a China deve. Mas eles devem desvalorizar o yuan por agora. Se desvalorizar o yuan, acabou o mundo.
A globalização é a mundialização da hegemonia do poder dominante. A mundialização de Satanás. Satanás é o dinheiro.
A maioria das 358 famílias que detêm o poder e o dinheiro no mundo é de WASPs (White/Anglo-Saxon/Protestant). Só os protestantes têm sofisticação para fazer uma ordem assim. Mas as grandes fortunas são WASPs. Eles espalham que os judeus são os donos do dinheiro para tirar a atenção dos verdadeiros vilões.


*A entrevista, apesar de ter sido feita em 2000, parece atualíssima, bastante coerente e articulada com a crise financeira mundial que apavora a Europa, os Estados Unidos e todo o resto do planeta. Muraro antecipa, como pode ser observado, o que estaria por vir, apontando as origens desta crise financeira e seus verdadeiros culpados.
Sobre essa mulher fascinante, leia aqui mesmo neste blog o artigo “Quem é Rose Marie Muraro?”.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

POEMAS QUE NIETZSCHE JAMAIS ESCREVEU

VIDA DESVELADA*
Não,
A vida não me desaponta;
Com o passar dos anos
Se faz mais ordeira,
Mais companheira
Dos meus cabelos brancos.

Não,
A vida não me exaspera;
Se faz mais desejável, mais intensa,
Como meio, não como fim,
Como acesso à experiência
De anos à procura do saber.

Não,
A vida não me apavora,
A cada sete anos, ela me devora –
Meus temores se pacificam,
Meus dissabores se adocicam
No frescor de cada estação.

Não,
A vida não me surpreende –
Quanto mais vivo, mais me compreende
Tornou-se perigosa aventura
De fragrâncias sazonais
De flores de não murcham nos jardins.

Não,
A vida não me deixa descontente –
Faz-se a cada dia mais atraente,
Mais urgente em realizar o meu destino;
Uma ponte do outrora para o além-de-tudo,
Que leva ao mais desejado e anunciado amanhã.

Não,
A vida não me é estranha,
Faz-se a cada hora uma grande rainha,
Quer tornar-se minha guardiã,
Quiçá, minha fada-madrinha;
Pessoa íntima, de minha família,

A vida se desvela,
Eu me dôo a ela.

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sábado, 6 de agosto de 2011

MANUAL MILITAR: COMO MATAR EM NOME DE DEUS

AS ARMAS DA IGREJA CRISTÃ*

Uma investigação da ABC News descobriu que códigos referentes a passagens sobre Jesus Cristo no Novo Testamento são gravadas em miras de rifle de alta potência fornecidas às forças armadas dos EUA por uma empresa de Michigan.
A empresa fornecedora de miras de rifle para o Pentágono diz que ‘sempre’ acrescentou referências ao Novo Testamento em seus produtos:"JN8:12" significa "João, Capítulo 8, Versículo 12", referência à Bíblia.
As miras são usadas pelas tropas americanas no Iraque e no Afeganistão, inclusive no treinamento de soldados iraquianos e afegãos. A fabricante das miras, Trijicon, tem um contrato de 660 milhões de dólares para fabricar até 800 mil miras para o Corpo de Fuzileiros Navais, e contratos adicionais para fornecer miras ao Exército americano.
A leis marciais americanas proíbem especificamente o proselitismo de qualquer religião no Iraque e no Afeganistão, e foram escritas para evitar críticas de que os Estados Unidos estariam engajados numa “cruzada” religiosa na guerra contra Al Qaeda e contra insurgentes iraquianos.
Uma das citações bíblicas nas miras das armas, 2COR4:6, é uma aparente referência a II Coríntios 4:6 no Novo Testamento, que diz: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”.
Outras referências incluem citações do livro do Apocalipse, Mateus e João, dizendo que Jesus é “a luz do mundo”. João 8:12, codificado na arma como JN8:12, diz “… quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.”
A Trijicon confirmou à ABC que adiciona códigos bíblicos às miras vendidas às forças armadas dos EUA. Tom Munson, diretor de vendas e marketing da Trijicon, disse que os códigos “sempre estiveram lá” e disse que não há nada de ilegal ou errado em acrescentá-los. Munson disse que o problema estava sendo criado por um grupo que “não é cristão”. A empresa conta que a prática começou com seu fundador, Glyn Bindon, um cristão fervoroso da África do Sul que foi morto em um desastre de avião em 2003.

‘ISSO VIOLA A CONSTITUIÇÃO’
A posição da empresa é descrita em seu sítio eletrônico: “Guiados por nossos valores, nos esforçamos para que nossos produtos sejam usados onde soluções de precisão de pontaria forem necessárias para proteger a liberdade individual.”
“Acreditamos que a América [sic] é grandiosa quando sua gente é boa”, diz o site. “Essa bondade tem base nos modelos bíblicos através de nossa história, e lutaremos para seguir esta moral”.
Porta-vozes do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais disseram que seus serviços não sabiam das marcas bíblicas nas armas. Disseram que seus funcionários estavam discutindo que passo, se algum, será tomado após o revelado pela reportagem da ABC. Não se sabe quantas miras Trijicon são usadas atualmente pelas forças armadas estadunidenses.
As referências bíblicas aparecem no mesmo tipo de fonte e tamanho que os números de série do aparelho de mira fabricado pela empresa.
Uma foto do sítio eletrônico do Departamento de Defesa mostra soldados iraquianos sendo treinados pelas tropas americanas com um rifle equipado com as miras contendo os códigos bíblicos.
“É errado, isso viola a Constituição, viola leis federais”, diz Michael “Mikey” Weinstein, da Fundação Militar pela Liberdade Religiosa, um grupo que busca preservar a laicidade das formas armadas.

‘ARMAS DE FOGO DE JESUS CRISTO’
“Concede justificativa para o Mujahedin, o Talibã, Al Qaeda e os amotinados e jihadistas alegarem que estão sendo mortos por rifles de Jesus”, disse Weinstein.
Weinstein, um advogado e ex-oficial da Aeronáutica, disse que muitos membros de seu grupo que atualmente servem às forças armadas têm reclamado das gravações nas armas. Afirma também que lhe disseram que comandantes referiram-se às armas com miras como “armas de fogo espiritualmente transformadas de Jesus Cristo”.
O ex-oficial acrescentou que as gravações bíblicas chegam às mãos “daqueles que estão chamando a guerra de Cruzada”.
De acordo com um grupo observador dos contratos governamentais, fedspending.org, a Trijicon ganhou mais de 100 milhões de dólares em contratos com o governo no ano fiscal de 2008. A empresa de Michigan ganhou um contrato de 33 milhões com o Pentágono em julho de 2009 pelo visor de uma metralhadora, de acordo com o Defense Industry Daily (“Diário da Indústria de Defesa”, em tradução livre). Os ganhos da empresa junto às forças armadas americanas deram um salto significativo depois de 2005, quando ganhou um contrato de longo prazo no valor de US$ 660 milhões para fornecer miras de rifle ao Corpo de Fuzileiros Navais.
“Este é provavelmente o melhor exemplo de violação da separação entre igreja e Estado neste país”, disse Weinstein. “É literalmente forçar o cristianismo fundamentalista na ponta de uma arma contra as pessoas contra quem estamos lutando. Estamos encorajando um inimigo.”

OBS: AS CRUZADAS AINDA NÃO ACABARAM! #jhd

Fonte: ABC News
Autores: Joseph Rhee, Tahman Bradley e Brian Ross
Tradução: Eli Vieira

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

EXPERIÊNCIA É ISSO AÍ!

REDAÇÃO DO CONCURSO DA VOLKSWAGEM*



No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência'?

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola...
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua,
Já gritei de felicidade,
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas.
Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
'Qual sua experiência?' .

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência?
Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? "Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"

* Recebi esse texto maravilhoso no Facebook pelo Arena Romântica Musical e estou postando aqui para vocês. Não constava o nome do autor, por isso fica aqui publicado como anônimo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

QUANDO O HISTORIADOR TROPEÇA NA FILOSOFIA

HOBSBAWN TROPEÇOU EM NIETZSCHE*


O texto que passo a transcrever na íntegra é de autoria de Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo doutorado pela USP e PUC-SP, diretor do Centro de Estudos em Filosofia Americana e também pode ser encontrado em http://ghiraldelli.blogspot.com. Foi postado aqui para servir de leitura e reflexão para meus alunos de Filosofia e outros que acessem ou sejam seguidores deste Blog. Boa leitura!


Vontade de potência é um conceito nietzschiano. Darwinismo social é uma noção sociológica. O casamento das duas é possível, mas necessariamente o filho gerado é um híbrido, um tipo de mentalidade popular, aliás, pouco versada em Nietzsche ou Darwin. Isso ocorreu?

Pode-se dizer que, na esteira da transição do século XIX para o XX, a idéia de grupos e pessoas competindo segundo o lema “que vença o mais forte” ou “o mais adaptado” entrou nas cabeças de vários socialistas que, diferente de Marx, nunca leram direito Darwin e, então, chamaram isso de “darwinismo social”, contra o qual tinham de lutar. Era mais ou menos como hoje, quando uma esquerda pouco letrada acusa tudo que não é a sua própria doutrina de “globalização” e “neoliberalismo”. Muitas vezes, parte dessa esquerda não sabe bem o que está falando ao pronunciar esses termos, mas, enfim, acredita que aquilo que não é “socialismo” é alguma coisa tão ruim quanto o que se chamava de “imperialismo”, num passado não muito distante. Esse tipo de amálgama de idéias, não raro, move grandes grupos e partidos. Até aí, nada com o que se possa espantar.

O problema desses amálgamas populares é quando eles caem nas mãos dos historiadores ou, mais exatamente, quando ludibriam esses profissionais. Principalmente aqueles historiadores que, uma vez engajados demais em doutrinas, acabam por aceitar acriticamente o que é contado pelos seus objetos de estudo. Tenho a impressão que a ansiedade de Hobsbawn em produzir uma história engajada, o trai em vários de seus livros e artigos. Em relação à sua leitura de Nietzsche e Darwin, penso que ele sofreu tomou um trança-pés de sua própria doutrina.

Na página 351 de A era dos impérios, ele diz que Nietzsche, apesar de ser cético em relação à ciência,

“seus próprios escritos, e notadamente seu trabalho mais importante, A vontade de poder, podem ser lidos como uma variante do darwinismo social, um discurso desenvolvido com a linguagem da ‘seleção natural’, neste caso uma seleção destinada a produzir nova raça dos ‘super homens’, que iria dominar os humanos inferiores como o homem, na natureza, domina e explora a criação bruta”. (1)

O parágrafo de Hobsbawm, citado acima, contém tantos erros quanto o número de afirmações. Primeiro: Vontade de poder seria o livro mais importante de Nietzsche? Justamente o livro manipulado pela irmã de Nietzsche! Segundo: os escritos de Nietzsche possuem uma doutrina da vinda dos super-homens como dominadores e exploradores do homem, como o homem faz com o animal? Terceiro: Nietzsche usa da linguagem do “darwinismo social” e da “seleção natural”?

As três perguntas podem ser respondidas, por qualquer estudante de filosofia de graduação, com sonoros nãos. As primeiras duas questões já foram exaustivamente corrigidas por vários scholars, em diversas oportunidades. É estranho que Hobsbawm tenha se mantido surdo que já se fez nesta área. Aliás, é difícil encontrar alguém que leu Nietzsche com cuidado ainda usar de “super-homem” para Übermench. A opção por “além do homem” é a melhor fórmula. E menos ainda há quem fale em “raça de super homens”. Nietzsche nunca imaginou o Übermench como uma situação sociológica e muito menos o descreveu como uma utopia ou como algum projeto em relação ao qual ele teria algo positivo para dizer. Aliás, parece que Hobsbawm confunde um dos tipos de Nietzsche, o tipo “forte” ou “saudável” com o Übermench. Então, sobrou a questão de Nietzsche e sua relação com o darwinismo social. Este é o ponto a que me dedico abaixo.

Se Hobsbawn está dizendo que leitores de Nietzsche o entenderam de maneira tosca e o assimilaram ao discurso do darwinismo social, pode-se perdoar o historiador inglês. Todavia, quando lemos mais de uma vez o trecho que citei, vemos que ele não está falando isso. Ele compromete o próprio Nietzsche com o vocabulário da teoria da seleção dos mais fortes.

Há em Nietzsche algo próximo de Darwin, isso é correto. Darwin e Nietzsche usam o conceito de luta. Todavia, no darwinismo a luta pela vida se faz em função da conservação da espécie. Nietzsche traz a luta para o interior do organismo individual, considerando todo o corpo como um conjunto de quase seres vivos. Além disso, não é a conservação da espécie ou do indivíduo que se põe como motor da luta, em geral enfatizada em uma situação de carência. Em busca da construção da noção de vontade de potência, ele se põe contra a idéia de vida enquanto aquilo que seria conduzido em função da preservação. Para Nietzsche, a vida é exuberância e, portanto, a luta se faz sem qualquer perspectiva de autoconservação. O que parece mais forte pode, exatamente por isso, não se preservar e, sim, sucumbir. Uma célula que tem mais chances que outras de abraçar uma gota de água pode conseguir o alimento em excesso e, então, vir a explodir .

Assim, se por um dia fosse verdade – o que de fato não é – que Nietzsche pudesse ter dito que haveria uma nova raça, mais forte, dominando a mais fraca, por conta de algo como a “seleção natural” do darwinismo social, isso já estaria solapado pelas suas próprias noções de vontade de potência e de vida. O darwinismo social está associado a um melhoramento da espécie por conta de que a luta termina por gerar o que seriam aqueles que, principalmente em situação de desconforto, se saíram melhor em função de fazer a espécie não sucumbir. A vontade de potência e a vida, às vezes tomadas por Nietzsche como sinônimas, vão na direção oposta disso: são bem menos teleológicas que o fio condutor da preservação da espécie, da idéia de melhoria da espécie medida em função da capacidade de sobrevivência.

Aliás, é preciso notar, também, que Darwin e o darwinismo social não possuem tantas coisas em comum quanto à primeira vista pode parecer. Darwin fez uma bela teoria, mas o darwinismo social nunca deixou de ser apenas ideologia. Nietzsche não quis fazer teoria ou ideologia. Ele estava preocupado em fazer filosofia. Mas, seu objetivo nunca deixou de ser peculiar, especial, no sentido de não repetir o modo tradicional de ser filosofar, o modo que ele identificou como sendo o do platonismo. Nietzsche não queria repetir a metafísica, e sim romper com ela. Há scholars, com os quais eu tendo a concordar (2), que dizem que o que ele queria fazer, mesmo, era uma cosmologogia. Para inovar, Nietzsche teria imaginado voltar para antes de Sócrates e, então, recriar de um modo novo o que havia sido posto de lado pelo socratismo.

Pode-se dar um chute nessa cosmologia de Nietzsche. Pode-se dizer que ela, tanto quanto o darwinismo social, nunca deixaram de ser devaneios típicos do final do século XIX. Mas, o que não de pode fazer de modo algum, é dizer que Nietzsche, já maduro, escreveu coisas na linha do darwinismo social. Hobsbawn escutou demais os socialistas do século XIX e, em vez de contar a história deles, contou a história que eles lhe contaram. Tropeçou não como filósofo, que nunca foi. Tropeçou feio, mesmo, como historiador.

* O texto acima é de autoria de Paulo Ghiraldelli Jr, um dos grandes filósofos brasileiros e estudioso da obra de Nietzsche.