quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

FILOSOFIA & COTIDIANO

HÁ AMIGOS E HÁ BAJULADORES TAMBÉM*


A filosofia de Plutarco (~47-120 d.C.) configura-se como oposta às abstrações platônicas e aristotélicas e igualmente contrária à indiferença dos estóicos e epicuristas em relação à vida pública. O apego de Plutarco ao subjetivo e a ligação deste com a vida social fazem do pensador um dos prediletos de Montaigne, Shakespeare e Schiller.
Como distinguir o amigo do bajulador é um dos 83 textos que compõem a obra Moralia. Consiste em um trabalho rico de citações de filósofos, das tragédias e da mitologia gregas. Ao tentar abordar a distinção entre o bajulador e o amigo, Plutarco inicia o livro explorando o tema do amor próprio. [...] O excesso de amor-próprio é a causa de muitos problemas e, por isso, todo excesso deve ser combatido como um desequilíbrio que ocasiona a doença do corpo.
Tal vaidade facilita o aparecimento dos bajuladores. Plutarco não se preocuparia com a bajulação se esta atingisse apenas os homens vis ou pobres. Entretanto, ela é destinada sempre aos poderosos, uma vez que são esses que possuem as coisas desejadas pelo bajulador ou que, por uma questão de poder ou prestígio, podem ajudar os bajuladores a obtê-las. Tal afirmativa do filósofo deve ser compreendida dentro do contexto do Império Romano. Em Roma, era comum o uso da bajulação na vida pública, nos tribunais e nos discursos. O apelo retórico e a deturpação da própria retórica, por meio do exagero, tornam-se, no entender do pensador, a causa da ruína de muitos impérios.

Ћ - Já não há mais impérios como o Romano, mas, sem dúvida, “bajulação” é um negócio que atravessou séculos e continua arruinando qualquer suposta “boa amizade” em pleno século XXI. Porém, há os que gostam, e gostam muito de ser bajulados, apenas fingem que se incomodam, por isso ainda são comuns os bajuladores por aqui. Um verdadeiro amigo é uma “jóia rara” e deve ser bajulado como tal (mas “bajulado” aqui é em outro sentido, tá legal?). Cuidem bem dos seus amigos e... cuidado! Há sempre um bajulador à espreita, saiba reconhecer. Pense nisso!!!

* Fonte: Revista Discutindo Filosofia Ano 1 Nº4, Seção Moral, p. 27, Texto “Reconheça o verdadeiro amigo”, de Marcio Gimenes de Paula.

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