quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sem Eira Nem Beira

SEM EIRA NEM BEIRA
Autor: Jaya Hari Das


De mil maneiras
Me faço um verso,
Me sinto um outro,
Me torno avesso.

Com mil asneiras
Me faço um bobo,
Me sinto afoito,
Me torno um tolo.

Ainda que eu queira
Não estou seguro,
Não me preparo,
Não me aturo.

A vida inteira
Não fui sincero,
Não fui eu mesmo,
Não fui nem quero.

Numa esteira
Deitei o meu corpo,
Virei de bruços,
Me fingi de morto.

Com a bananeira
Tentei outro filho,
Fiquei buchudo,
Pari sozinho.

Na cachoeira
Senti muito frio,
Tomei meu banho,
Nadei no rio.

Pela ladeira
Eu desci correndo,
Fui me ralando,
Fiquei gemendo.

Na capoeira
Sou bom de jogo,
Tenho o gingado,
Danço no jongo.

Com uma rasteira
Ganho na briga,
Bato sem pena,
Tenho minha figa.

Queira ou não queira
Sou filho-da-puta,
De uma rapariga,
Dessa prostituta.

Sem eira nem beira
Minha vida é uma luta,
Minha mão calejada
De tanta labuta.

“Sacode a poeira
E dá a volta por cima” –
É esse o meu lema,
É essa minha rima.

Vou p’ra zoeira
Tomando cachaça,
Por essa ingrata
Que me faz trapaça.

Lá na ribeira
Encontrei a Dorinha,
Beijei a danada,
Que estava sozinha.

Da ribanceira
Joguei o que eu tinha,
Pois faço o que quero –
Essa vida é minha 

- Premiado com o 3º lugar, melhor intérprete, pelo Júri Técnico, no Festival Maranhense de Poesia "Joaquim de Sousa Andrade", São Luís-Ma. novembro/2010. 



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