quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Eis o Poeta

EIS O POETA*


Eis que sou poeta, e não filósofo;
Sou um ser exposto, frágil e vulnerável;
Altivo, é certo, e pleno em suas palavras,
Que servem de couraça aos bravos corações;
Tudo em mim é emoção e sentimento;
Eis que faço trovas e canções.

O que escrevo é próprio de mim mesmo;
Espalho sortes enquanto faço versos;
As minhas rimas precisam de ar puro,
Porque sufocam em meus livros diversos,
Alguns deles, há muito que já não lidos,
E dentre esses, os meus preferidos.

Sei que os poetas troçam dos humanos
E dizem coisas que apunhalam sentimentos;
Pior de tudo: ainda falam mal dos deuses,
Para em seguida, se fingirem arrependidos.
Por isso peço que perdoem, meus amigos,
Por esses versos que jamais seriam escritos.

Teria sido eu o próprio engano,
Ao enganar-me de que sou também poeta?
Ou mais do que suponho, há a suspeita
De que os filósofos sejam todos assim,
Um misto de vidente e sonhador,
Um louco ou um profeta, como em mim? 

* Este poema faz parte do livro "Poemas que Nietzsche jamais escreveu" que publicarei dentro de alguns meses.

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