segunda-feira, 16 de setembro de 2013

BUDA, A JOIA RARA DO MUNDO


“Havia em Kapilavastu, um rei sákia, firme em seus propósitos e reverenciado pelos homens, um dos descendentes de Ikchvaku, chamado Suddhodana. Sua esposa, Mayadevi, era maravilhosamente bela, como um lírio aquático, e de coração tão puro como a lótus. Qual rainha do céu, vivia na terra, imaculada e pura de desejos. Seu real marido reverenciava-a por sua santidade, e o espírito de verdade desceu sobre ela.”

Não fossem os nomes incomuns, esse trecho, retirado do livro O Evangelho de Buda, seria facilmente confundido com a história natalina, que narra a concepção do menino Jesus e seus pais, José e Maria. Mas, como acabo de explicar, esse é o relato sobre os pais de Siddhartha Gautama, mais conhecido como o Buda (ou Sakyamuni, o sábio entre os sákyas). Por volta de 565 a.C, nascia em Lumbini*, hoje território ao sul do Nepal, o filho do rei Suddhodana, que renunciou a tudo para buscar a “iluminação” e trazer respostas ao mundo sobre a causa do sofrimento e de todas as misérias existenciais. Embora envolto por riquezas e protegido pelo pai de ter contato com doentes, velhos e pobres, “para não conhecer as misérias do mundo”, e, além disso, mais tarde se casar com a bela Yashodara, nada disso impediu que aquele menino, a quem se dizia “predestinado”, empreendesse uma viagem solitária até a floresta e lá, debaixo de uma árvore, se pusesse a meditar profundamente em busca das respostas que tanto desejava.

“Siddhartha sentou-se sob a frondosa árvore Bo, chamada também Azvattha, ou Banano, e entregou-se aos seus pensamentos, meditando sobre a vida e a morte, os males e a decrepitude. Concentrando seu espírito, libertou-se de toda confusão. Todos os vis desejos desapareceram e uma calma perfeita o inundou completamente.”

Siddhartha foi contemporâneo do sábio grego Sócrates e sábio chinês Confúcio, mas Jesus, ao que se sabe, só nasceria uns cinco séculos depois deles. Termos como compaixão, piedade e humildade, que parecem tão próprios do cristianismo, já eram usados e praticados bem antes do Cristo. Naqueles tempos, por toda aquela região circundante do Himalaia, o que havia era o Brahmanismo. Siddhartha, depois de desperto e até mesmo antes de alcançar a iluminação, já questionava os rituais bramânicos e adoração aos deuses.

“O Tathágata foi depois ver os sacerdotes que oficiavam nos templos, e seu ser compassivo estremeceu ao presenciar a inútil crueldade realizada ante os altares dos deuses.
– Unicamente por ignorância esses homens realizam ruidosas festas e convocam magnas assembleias para celebrar cruentos sacrifícios. Vale mais adorar a Verdade do que o vão desejo de agradar os deuses com efusão de sangue”; e acrescentou: “Os ritos são ineficazes; as orações são fórmulas vãmente repetidas; os feitiços carecem de virtude salutífera.”

Antes, ele já teria dito: “Será que os deuses também estão precisando de auxílio? São tão fracos que não podem salvar os que com tristeza nos lábios os invocam?”
Somente um estudo criterioso sobre este tema, o budismo e o buda, poderá trazer à luz uma verdade há muito ofuscada pela força da tradição religiosa e popular – a de que, de forma nenhuma, o Buda renegaria e repudiaria o Bramanismo ou Vaishnavismo, para criar outro “ismo”. Somente aos sacerdotes, que se dizem herdeiros dos ensinamentos do Buda, interessa criar um rol de liturgias e ritos, para assim manter um séqüito de praticantes fiéis a um credo e não à Verdade, como se pode comprovar no que vem em seguida:
“Buda, homem santo completamente iluminado, continuou mantendo os pontos positivos da cultura existente e expurgando suas deficiências. Ele, que em resposta ao fanatismo ensinava a maravilha do espírito humano, reagiu com todas as suas forças contra o pensamento de que a humanidade era dividida em classes por natureza e como um médico, tendo reconhecido a doença, prescreveu o remédio e a sua posologia.
Buda com seus ensinamentos causou um grande reboliço pois rejeitava as seitas que continham instruções incorretas, preocupava-se com a igualdade humana, propagava princípios altamente humanísticos numa sociedade de castas, preocupava-se em desenvolver o pensamento e afastar as doutrinas enganadoras, bem como acabar com os complicados rituais. Além disso, pregava o amor, a compaixão e a simplicidade como caminho da purificação”, diz o monge budista Zen Getúlio Taigen.

Os homens comuns, sim, têm necessidade de fundar “ismos”, dedicar-se forçosamente a certas práticas, por mais insanas e dolorosas que sejam, no vã afã de domar seus instintos ou, como dizem, dominar a carne em nome do espírito. Tolos que são, pois nada disso foi ensinado pelo “Iluminado” e mesmo as suas prováveis reencarnações jamais perpetuariam tais tradições, uma vez que, sendo ainda ele mesmo, o mesmo Buda, seria um absurdo que desse apoio ao que outrora repudiara.

“O início do budismo está ligado ao hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a encarnação ou avatar de Vishnu. Esta religião teve seu crescimento interrompido na Índia a partir do século VII, com o avanço do islamismo e com a formação do grande império árabe. Mesmo assim, os ensinamentos cresceram e se espalharam pela Ásia. Em cada cultura foi adaptado, ganhando características próprias em cada região.”

Ao longo dos séculos, o budismo se diversificou em muitas formas, mas existem pelo menos duas que vingaram ou são mais conhecidas nos dias atuais: o da Escola Theravada e o da Mahayana. "A primeira grande divisão dos praticantes budistas na Índia aconteceu cerca de 100 anos depois da morte de Buda (entre 500 e 400 A.C.), quando houve divergências sobre a doutrina".

“Foi no século VIII que o rei do Tibete convidou o grande mestre indiano Padmasambhava a ir ao Tibete ensinar o budismo. Na altura, o Tibete era povoado de seres rudes que possuíam como religião uma forma de xamanismo chamada Bön. [...] o Budismo adaptou-se à mentalidade e moldou-se aos costumes dos tibetanos. Ganhou raízes e properou através dos séculos até pouco tempo, quando nos anos cinquenta o Tibete foi invadido pelos chineses.”

Como bem está escrito num site, “com ar de cinema”, estreia hoje, no horário das 18h, a novela Joia Rara, de Thelma Guedes e Duca Rachid, inspirada na filosofia budista e ambientada no período que sucede a segunda Guerra Mundial – entre 1934 e 1945. "A base da novela é uma história de amor totalmente shakespeariana. A reencarnação de um monge é fruto dessa paixão, que vive em meio aos primeiros ecos da guerra e à boêmia da época", detalhou Duca. Em meio a uma trama de amor, ódio, intrigas e vinganças, a novela vai trazer também a cultura e a filosofia budistas e reforçar, de certa forma, o que até hoje é apregoado, do Oriente ao Ocidente – que Siddhartha Gautama, o Buda, teria fundado uma religião – o budismo, com seus rituais e suas preces –, quando ele, na verdade, repudiara tais práticas em seu tempo e apenas recomendara, aos que sentaram-se ao seu redor para ouvir, a busca da Verdade, com sinceridade e destemor.

Evidentemente que a emissora, através da produção da novela, procurou se respaldar ao máximo do que é vigente, apesar de errôneo, a respeito do budismo. No entanto, fica aqui a ressalva de que com isso a Globo apenas propaga e perpetua um erro.
Para encerra este artigo, gostaria de lembrar que aqui não se trata apenas de mero ponto-de-vista meu, pois o objetivo maior deste texto é trazer à luz as conquistas dos Avatares (como Krishna, Buda e Cristoo, por exemplo) e as distorções surgidas a partir dos seus ensinamentos, que em breve se tornam religiões, fazendo deturpar todo o esforço empreendido pelos "Iluminados". Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça!

“Buda não é Deus segundo a concepção do Budismo. Buda significa “aquele que despertou de um sono profundo”. Buda é um estado de Ser. Todos nós somos Buda, apenas estamos adormecidos deste estado." (Nello Júnior)

“Estudar o Caminho de Buda é estudar a si mesmo.
Estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo.
Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado por tudo o que existe. Transcender corpo e mente seus e dos outros. Nenhum traço de iluminação permanece e a iluminação é colocada a disposição de todos os seres.” - Mestre Zen Eihei Dogen (1200-1253)


*Lumbini, palavra sânscrita, que significa “a adorável”, é um dos quatro lugares sagrados de peregrinação budista. Está localizado no Nepal, no sopé dos Himalayas , a 25 km a leste da cidade nepalesa de Kapilavastu, distrito Rupandehi, perto da fronteira indiana.

Fontes de Referências:
O Evangelho de Buda, de Yogi Kharishnanda, Ed. Pensamento;

http://www.suapesquisa.com/budismo/

http://bemzen.uol.com.br/noticias/ver/2012/06/30/870-budismo-o-surgimento

http://diversao.terra.com.br/tv/novelas/com-ar-de-cinema-joia-rara-estreia-nesta-segunda-veja-quem-e-quem,6aebb01d5bd11410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html,

http://blog.opovo.com.br/yoga/227/

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