quinta-feira, 21 de março de 2013

POEMAS QUE NIETZSCHE JAMAIS ESCREVEU (II)

QUEM NÃO PODE MAIS VOAR*


Quem não pode mais voar
Aprende a fazer seu caminho,
Sozinho;
Quem não pode mais voar
Contorna o leito desse rio,
Tranquilo.

Quem não pode mais voar
Acende seu olhar, no escuro,
No tempo;
Aprendendo a caminhar
Mais leve do que o pensamento.

Eu, que caminhei,
Rolei as pedras
Que encontrei pelo caminho;
Chutei as latas, as garrafas,
Os espinhos;
Parei para descansar
Na sombra que encontrei.

Eu, que caminhei,
Virei esquinas,
Não temi encruzilhadas.
Ó minha mãe,
Teu santo nome, minha espada.
À luz do sol,
À meia-luz, eu caminhei...

Quem não pode mais voar
Aprende a calejar o chão
Com os sapatos;
Quem não pode mais voar
Não sonha com lugares altos
Descalço.

Quem não pode mais voar
Aprende a caminhar com pernas
Ligeiras;
E, aprendendo a caminhar,
Descansa dessa vida
Inteira.

Eu, que já voei,
Por céus e terras nunca antes
Voejados;
Por sobre mares nunca antes
Navegados.
No horizonte, o teu olhar
Me possa ver...

Eu que já voei
Nos pontos cardeais gritei
Aos sete ventos;
Ouvi um deus gemer
De tanto sofrimento.
À luz do sol,
À meia luz, também voei...

* Parte integrante do livro "Poemas que Nietzsche jamais escreveu - Filosofia Poética".
* Proibida a reprodução total ou parcial deste poemas, sem a devida autorização do seu autor (direitos reservados Copyright)

Nenhum comentário:

Postar um comentário