quarta-feira, 13 de março de 2013

CIÊNCIA, FILOSOFIA, RELIGIÃO E AUTO-CONHECIMENTO (Parte I)



As fronteiras do conhecimento estão cada vez mais se estreitando e fazendo, de certa forma, com que a Ciência e a Religião tendam para um mesmo ponto, embora ainda haja resistências por parte de alguns cientistas mais tradicionais e religiosos mais radicais. No entanto, essa espécie de obstáculo ao novo tem seu lado bom, pois evita um “boom” de euforia que, muito provavelmente, prejudicaria a boa avaliação dessas tendências e seus resultados. Podemos destacar alguns expoentes disso tudo, na Filosofia, com Arthur Schopenhauer(1), que foi beber nas fontes budista e hinduísta para escrever sua obra-prima “O Mundo como Vontade e Representação”; na Física, com Fritjof Capra(2) e o seu “O Tao da Física”; na Mecânica Quântica, com William Arntz(3), Betsy Chasse(4) e Mark Vicente(5) e seu ousado filme (que virou o livro) “Quem somos nós?”; na Medicina, o doutor Deepak Chopra(6) e seus inúmeros livros, que mostram sua prática médica recheada de elementos da Medicina Ayurvédica; na Religião, com Allan Kardec(7) (Espiritismo) e Swami Rama(8) (Hinduísmo), além do professor de auto-sugestão mental, Arthur Riedel(9), entre outros.

A leitura que tenho feito, ultimamente, nesse sentido, isto é, os artigos e obras aos quais tenho me dedicado, despertou em mim o desejo de escrever aqui uma série de textos, nos quais procurarei mostrar aos meus leitores como a Ciência vem (e não é de hoje) demonstrando maior interesse pelos textos antigos, de tradições orientais, por ter feito descobertas no campo da Física, por exemplo, que vão ao encontro do que há muito fora expresso naqueles compêndios ditos religiosos.

Abaixo, transcrevo um artigo muito interessante, que abre esta nova seção neste blog. Boa leitura a todos!

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O QUE, AFINAL, É A REALIDADE?*

O grande esforço do homem tem sido, no curso da história, o de procurar compreender a realidade, revelar o real. Como a realidade pode ser conhecida. Aristóteles e, muito mais tarde, Locke, proclamara que todo conhecimento era proveniente dos sentidos; os sentidos e os aparelhos que os ampliam seriam os instrumentos do conhecimento. Essa visão do senso comum vem sendo contrariada desde o início do século pela Física, que nos tem mostrado, de modo contínuo, uma realidade bem distinta: aos poucos, os denominados corpos simples foram reduzidos a partículas idênticas; estas foram sendo reduzidas a outras ainda mais elementares, enquanto, por suas vez, as mais diferentes radiações foram sendo reconhecidas como expressões de ondas, distintas apenas no comprimento e em sua freqüência. Mais ainda, energia e matéria foram unidas pela teoria da relatividade restrita, enquanto o espaço e o tempo vieram a formar um continuum na visão da teoria da relatividade geral. Matéria e energia, espaço e tempo, e gravitação tornaram-se apenas deformidades do continuum. A própria matéria do mundo, no dizer de Arthur Eddinton(10), não seria senão matéria da mente. Todos os processos físicos, as mudanças existentes no universo, resultam da intermediação de quatro forças elementares – a força nuclear forte, a força nuclear fraca, a força eletromagnética e a força gravitacional.

Isso tudo nos permite reconhecer que aquilo que vemos e julgamos ser a realidade não é senão uma aparência, sem dúvida dependente da mente do observador e da estrutura física dos sentidos a aparelhos com que observa o mundo. De qualquer modo, são estas as únicas “realidades” ou conexões de acontecimentos capazes de serem percebidos? Peat(11) e Bohm(12), em Ciência, Ordem e Criatividade (1987), destacam que toda a percepção sensória depende da disposição total da mente e do corpo, disposição esta que depende da cultura geral e da estrutura social, fatores que também condicionam a percepção através da mente.

De que modo foi possível conceber este universo? Possui ele alguma realidade ou é a realidade? As religiões que se apossaram da revelação passaram a expressá-la através de mitos e dogmas, porém são apenas formas de expressão. No fundo, percebemos que uns e outros procedem de experiências pessoais diretas que foram cristalizadas pelo sacerdócio na forma de princípios, tornando-se artigos de fé. Este universo realmente existe? E, se existe, é possível redescobri-lo. Se se pretende experimentar, é necessário conhecer que instrumento deve ser utilizado para a investigação.


(1)Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de fevereiro de 1788 — Frankfurt, 21 de setembro de 1860) - filósofo alemão do século XIX;
(2)Fritjof Capra - físico teórico e escritor que desenvolve trabalho na promoção da educação ecológica;
(3)William Arntz - diretor e produtor de cinema americano;
(4)Betsy Chasse - cineasta internacionalmente conhecida, autora e palestrante;
(5)Mark Vincente - palestrante, autor, e diretor premiado;
(6)Deepak Chopra - médico indiano radicado nos Estados Unidos, formado em medicina pela Universidade de Nova Deli. É também escritor e professor de Ayurveda, espiritualidade e medicina corpo–mente;
(7)Allan Kardec - pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 — Paris, 31 de março de 1869), educador, escritor e tradutor francês, notabilizou-se como o codificador do espiritismo (neologismo por ele criado), também denominado de Doutrina Espírita;
(8)Swami Rama - (1925-1996) era um índio yogi, conhecido por ser um dos primeiros iogues a permitir que cientistas ocidentais, da Clínica Menninger, ainda na década de 1960, estudassem a sua capacidade de controlar voluntariamente os processos corporais (tais como batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura corporal), que normalmente são considerados não-voluntários;
(9)Arthur Riedel - professor de otimismo, autor do livro “Hei de Vencer”, uma filosofia de vida prática, baseada na auto-ajuda mental e no desenvolvimento da vontade;
(10)Arthur Eddinton (Kendal, 28 de dezembro de 1882 — Cambridge, 22 de novembro de 1944) - astrofísico britânico do início do século XX;
(11)F. David Peat - físico holístico, realizou pesquisa em física do estado sólido e participou da fundação da teoria quântica;
(12)David Bohm (1917-1992) – físico que influenciou significativamente a cultura do nosso século.

*Adaptado de “Mediunidade e Autoconhecimento”, revista Luz do Espiritismo (autor não mencionado)

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