terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VIDA: UM ANTÍDOTO PARA A IMORTALIDADE

PARA SEMPRE... MORTAL!

A morte sempre foi e sempre será o problema crucial da existência humana e um tema empolgante para a Filosofia. Muitos são aqueles que desejariam viver para sempre, sem mesmo considerar as implicações que adviriam desse desejo realizado – implicações que não diriam respeito somente à sua vida individual, mas à de todas as outras pessoas, também. Há outros que são mais razoáveis – apenas desejam viver o bastante, ter muitos e muitos anos de vida, como sempre ouvem nos votos de seus amigos e parentes, durante as comemorações de seus aniversários. Mas, e quando muito não é o suficiente?

A vida de cada pessoa segue até um certo ponto e então pára – isso é a morte –, cedo ou tarde ela virá, é certo, mas, enquanto isso, nós, que ainda estamos vivos, podemos falar ou troçar sobre ela, como simples e despretensiosos homens comuns, ou como sérios e compenetrados filósofos.

É isso o que faz o escritor britânico Julian Baggini em seu livro, publicado aqui no Brasil com o título “O Porco Filósofo – 100 Experiências do Pensamento para a Vida Cotidiana”. A seguir, transcrevo um trecho da obra, que trata exatamente do que acabei de falar – a morte ou o anseio pela imortalidade. Depois de ler, reflita: Alguns podem achar a vida muito breve, mas que tal se, ao invés de pensarmos “ah, se eu tivesse mais tempo...!”, nós pensássemos “ah, se eu usasse melhor o breve tempo que tenho...!”?
Boa leitura!!!

CONDENADA À VIDA*

Vitalia descobriu o segredo da vida eterna. Agora ela jurou destruí-lo.
Há 200 anos, ela ganhou a fórmula de um elixir da imortalidade de certo dr. Makropoulos. Jovem e tola, ela o preparou e bebeu. Agora ela amaldiçoava sua ganância de vida.

Amigos, amantes e parentes tinham envelhecido e morrido, deixando-a sozinha. Sem a morte a persegui-la, ela não tinha qualquer ambição ou ímpeto, e todos os projetos que iniciava pareciam sem sentido. Ela tinha ficado cansada e entediada, e agora ansiava apenas pelo túmulo.

Na verdade, a busca pela extinção foi o único propósito que dera alguma forma e objetivo à sua vida durante o último meio século. Agora, finalmente, ela tinha o antídoto para o elixir. Ela o tomara alguns dias antes e podia sentir-se enfraquecer rapidamente. Agora, tudo o que restava fazer era se assegurar de que ninguém mais seria condenado à vida como ela fora.

O elixir a muito fora destruído. Agora ela pegou o pedaço de papel que descrevia a fórmula e o atirou no fogo. Enquanto o via queimar, pela primeira vez em décadas ela sorriu.

*“The Makropoulos Case”, in The Pigs that Wants to be Eaten and 99 Other Thought Experiments

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